O cultivo de Cannabis (Cannabis sativa L.) tem sido expandido no mundo ao longo dos últimos anos, devido ao aumento da demanda por suas propriedades medicinais, recreativas e industriais. Neste contexto, assim como ocorre em outras culturas agrícolas, a Cannabis está sujeita a diversas pragas e doenças que podem reduzir significativamente a produtividade além de gerar danos fisiológicos nas plantas. Além disso, inflorescências infectadas com doenças impõem um risco direto à saúde de pacientes. Portanto, é fundamental realizar medidas de manejo levando em conta as condições climáticas e agrotécnicas do cultivo, o que influencia na presença de certos patógenos em diferentes locais do planeta.
Dentre os principais patógenos de Cannabis, pode-se listar os fungos, bactérias e nematóides. Estudos recentes indicam que o mofo cinzento é a doença fúngica mais comum que ocorre nas inflorescências da planta, causada pelo fungo Botrytis cinerea, que se desenvolve em condições de alta umidade e temperaturas amenas. Ela é responsável por causar perdas de safras estimadas em mais de 10%. Já as principais doenças causadas por bactérias em Cannabis são: Mancha foliar, causada por Pseudomonas syringae pv. cannabina e Xanthomonas campestris pv. cannabis, galha das coroas (Agrobacterium tumefaciens) e murcha bacteriana (Erwinia tracheiphila).
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Os danos causados pelos nematóides em plantas muitas vezes são subestimados devido ao seu tamanho microscópico (≅ 0,3 mm) e por viverem no solo, o que também dificulta o seu controle. Os sintomas são atrofiamento de raízes, redução do rendimento, murcha, queda de folhas e clorose dos caules. Estudos realizados no Brasil, EUA e Europa indicam que o principal nematóide identificado em variedades de cânhamo foi o Meloidogyne incognita, responsável por causar galhas nas plantas.
As principais pragas que ocorrem no cultivo de Cannabis podem ser divididas em insetos e aracnídeos. Entre os insetos, pode-se listar: Grapholita delineana (Lagarta-do-cânhamo), Phorodon cannabis (pulgão-da-cannabis), Trialeudodes vaporariorum (mosca-branca-de-estufa), Thrips tabaci (tripes). Já o aracnídeo mais importante é o ácaro vermelho (Tetranychus urticae).
De maneira geral, as pragas causam injúrias variadas na Cannabis. As lagartas promovem o broqueamento dos caules e das raízes, o que interrompe o fluxo adequado de água e nutrientes, afetando sua produtividade. Os Pulgões e as moscas-brancas, além de serem sugadores de seiva do floema, podem ser vetores de viroses importantes no cultivo de Cannabis como o vírus das estrias do cânhamo (HSV) e o vírus do Lúpulo (Melanaphys saccharis). Os ácaros e tripes promovem a raspagem de folhas e caules, o que pode afetar a atividade fotossintética da Cannabis o que leva a uma redução da produtividade.
Diante do exposto, a fim de combater as pragas e doenças que afetam o cultivo de Cannabis, é necessário realizar medidas de manejo integrado de doenças e pragas baseado em boas práticas agronômicas. Isto inclui práticas como utilização de sementes e mudas certificadas, lavagem de implementos e ferramentas, controle adequado da umidade e ventilação, além de amostragem e monitoramento das pragas. Estas medidas contribuem para um cultivo sustentável.
Referências
JERUSHALMI, Shachar et al. Fungal pathogens affecting the production and quality of medical cannabis in Israel. Plants, v. 9, n. 7, p. 882, 2020.
KOSTANDA, Elizabeth; KHATIB, Soliman. Biotic stress caused by Tetranychus urticae mites elevates the quantity of secondary metabolites, cannabinoids and terpenes, in Cannabis sativa L. Industrial Crops and Products, v. 176, p. 114331, 2022.
MCPARTLAND, John M. et al. A review of Cannabis diseases. Journal of the International Hemp Association, v. 3, n. 1, p. 19-23, 1996.
MCPARTLAND, John M. et al. Cannabis pests. Journal of the International Hemp Association, v. 3, n. 2, p. 52-55, 1996.
