Palavras-chave: Cannabis sativa L., cânhamo; sementes; valor nutricional; teor
As sementes de cânhamo (Cannabis sativa L.) são utilizadas como fonte nutricional e terapêutica desde a antiguidade, sendo os primeiros registros nas civilizações asiáticas. Podem ser consumidas inteiras, com ou sem cascas, ou em forma de produtos derivados de seu processamento. Reconhecidas por apresentarem um alto valor nutricional, as sementes são compostas por proteínas ricas em aminoácidos essenciais, ácidos graxos, carboidratos, fibras, além de vitaminas e minerais. Isso demonstra a razão pela qual há o crescente interesse na produção de sementes de Cannabis para a utilização destas como potencial suplemento dietético e instrumento para prevenção e o tratamento de diversas doenças inflamatórias e crônicas em seres humanos.
A literatura demonstra que as sementes de cânhamo contém 25% a 35% de lipídeos, sendo estes compostos majoritariamente por ácidos graxos insaturados (AGI), e uma menor porção de ácidos graxos saturados (AGS). Dentre os AGI, o ácido oleico (AO) e o ácido α-linolênico são os mais proeminentes. Ambos são importantes ácidos graxos essenciais, que são aqueles não sintetizados por mamíferos, e por isso devem ser adquiridos pela dieta para a manutenção das funções fisiológicas incluindo a saúde cardiovascular, regulação de processos inflamatórios e o desenvolvimento neurológico. O AO geralmente é encontrado em maior quantidade total (cerca de 15%) em sementes de Cannabis comparado com sementes de chia (≅7%) (Farinon et al., 2020).
O óleo extraído das sementes é um importante aliado no tratamento da dermatite, que é um grupo de doenças que causam inflamações na pele. Estudos clínicos realizados com pacientes submetidos a dietas baseadas em óleo de sementes de cânhamo relataram que após o tratamento, houve redução na perda de água da pele, coceira e rugosidade, que são considerados sinais clínicos da doença. Além disso, houve a diminuição do uso de medicamentos tópicos. (Callaway et al., 2005).
Todos os componentes encontrados nas sementes possuem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes associados. Os tocoferóis são compostos solúveis em gordura que apresentam alta atividade oxidante, e o isômero α-tocoferol é a única forma bioativa do composto, também conhecido como vitamina E, essencial para a saúde humana devido sua capacidade de eliminar os radicais livres presentes nas células do corpo humano. Oseyko e colaboradores (Oseyko et al., 2019) demonstraram que a quantidade total de tocoferol foi maior no óleo de sementes de cânhamo comparado com o óleo de girassol.
Quanto ao teor de proteína, este pode atingir cerca de 20% – 25% nas sementes de cânhamo, a depender das condições genéticas e fatores ambientais. Nesse sentido, as principais proteínas encontradas são a abulmina (≅ 13% do conteúdo de proteína total) e a edestina (≅ 82% do conteúdo de proteína total). O valor nutricional das proteínas, no geral, é estabelecido pela sua composição de aminoácidos, assim como a biodisponibilidade e digestibilidade. Foi relatado que o cânhamo contém todos os aminoácidos essenciais para o ser humano, e os principais encontrados foram o ácido glutâmico e a arginina. Assim, comparou-se a composição de aminoácidos das sementes de cânhamo com as sementes de Soja (Glycine max) e foi relatado que aquelas de cânhamo apresentavam uma quantidade satisfatória de aminoácidos, e estes continham mais enxofre que as sementes de Soja (Tang et al., 2006; Wang et al., 2008).
A fibra alimentar, que constitui grande parte da fração de carboidratos presentes nas sementes de Cannabis, é um componente benéfico para a saúde, visto que esta atua como probiótico, auxilia na redução do apetite e a digestão de alimentos, reduz o risco de obesidade, diabetes e o colesterol total no sangue. Logo, a utilização de sementes de cânhamos inteiras é desejável, visto que a fibra está localizada majoritariamente nas cascas. Mattila e colaboradores (Mattila et al., 2018), ao avaliar o valor nutricional de sementes comerciais incluindo as de cânhamo, relataram que o teor de carboidratos das sementes de cânhamo era similar ao teor das sementes de linhaça (34,4 ± 1,5 g/100 g e 29,2 ± 2,5 g/100 g, respectivamente), o que é considerável.
Diante do exposto, pode-se concluir que as sementes de cânhamo são uma fonte nutricional completa, devido ao seu potencial de incrementar a saúde e a nutrição humana. Compreendendo um perfil nutricional diverso, as sementes se tornam uma opção para uma dieta equilibrada e saudável. Portanto, é necessário realizar mais estudos a fim de compreender quais são os compostos funcionais e a concentração adequada destes para preservar a sua funcionalidade e biodisponibilidade no corpo humano, além de investigar os efeitos da suplementação com sementes de Cannabis. Quer saber mais sobre o assunto? Acesse o nosso blog de notícias https://adwacannabis.com.br/blog/ e fique por dentro!
Referências
CALLAWAY, James et al. Efficacy of dietary hempseed oil in patients with atopic dermatitis. Journal of Dermatological Treatment, v. 16, n. 2, p. 87-94, 2005.
FARINON, Barbara et al. The seed of industrial hemp (Cannabis sativa L.): Nutritional quality and potential functionality for human health and nutrition. Nutrients, v. 12, n. 7, p. 1935, 2020.
IFTIKHAR, Amna et al. Applications of Cannabis sativa L. in food and its therapeutic potential: From a prohibited drug to a nutritional supplement. Molecules, v. 26, n. 24, p. 7699, 2021.
TANG, Chuan-He et al. Physicochemical and functional properties of hemp (Cannabis sativa L.) protein isolate. Journal of agricultural and food chemistry, v. 54, n. 23, p. 8945-8950, 2006.
WANG, Xian-Sheng et al. Characterization, amino acid composition and in vitro digestibility of hemp (Cannabis sativa L.) proteins. Food Chemistry, v. 107, n. 1, p. 11-18, 2008.
MATTILA, Pirjo et al. Nutritional value of commercial protein-rich plant products. Plant foods for human nutrition, v. 73, n. 2, p. 108-115, 2018.
OSEYKO, Mykola et al. Chemical aspects of the composition of industrial hemp seed products. Ukrainian Food Journal, v. 8, n. 3, p. 544-559, 2019.
